Toda escola deveria ser inclusiva. Receber os alunos e ter condições de atendê-los em suas necessidades. Toda escola deveria ser, ainda, capaz de reconhecê-los em suas capacidades. E todo professor deveria ser capaz de olhar para seu aluno e enxergar a pessoa, antes de ver suas dificuldades ou a deficiência que o rotula. Aliás, toda escola deveria banir para sempre os rótulos.
Sim, deveria ser assim. Mas não é. E muitos são os motivos alegados para não ser, não fazer, não mudar. Falta de recursos, falta de estrutura, falta de capacitação… falta tanta coisa que a gente se pergunta: o que sobra na escola, hoje?
Em algumas, sobra medo, insegurança. Noutras, sobra preconceito e acomodação. Em algumas, até há um tantinho de compreensão e boa vontade, mas as visões estão embaçadas pelo que falta: tempo, disposição, organização, planejamento. Não importa o motivo da falta, há sempre um motivo, uma explicação… há sempre uma desculpa. E aí a inclusão vira incógnita. Inclusão? Depende…
Pois, que me desculpem os incrédulos e os dissidentes, os inflexíveis e os cansados, mas a inclusão depende de nós. Sem pieguice ou romantismo: na prática, depende, sim, de nós. Do nosso desejo de mudar, da nossa coragem de assumir o que não sabemos, da nossa persistência em aprender fazendo. Depende da revolução interna de cada um, que implica em ver o que não queremos ver: nossos preconceitos, lacunas, defeitos. Depende de limparmos a lente de nosso olhar, para finalmente enxergarmos o outro – NÃO COMO “O OUTRO”, MAS COMO ALGUÉM COMO NÓS.
Se irá demorar eu não sei, mas já está começando a acontecer. Talvez eu, o aluno de hoje e você que está lendo esta mensagem já não esteja aqui para ver a inclusão acontecendo como tem que acontecer. Isso não importa. Continuo tendo esperança, desejo, vontade. Sobretudo continuo trabalhando para que todos nós, envolvidos e comprometidos com essa “revolução”, estejamos de fato começando algo grandioso. Algo que realmente vai valer a pena.
E então, finalmente, a inclusão continuará tendo muitos pontos de interrogação, muitas exclamações e até vírgulas, mas não terá mais tantas reticências. Pois inclusão, educação e transformação dependem de nós.
Ana Beatriz Araújo
06/03/2015