Muitas mães me procuram, falando sobre as dificuldades com a escola de seus filhos com deficiência. Mães que se sentem cobradas, que acreditam que seus filhos não são aceitos, que se sentem impotentes diante de posturas que consideram excludentes. Afinal, mudar de escola é a solução?
Quando estamos no “olho do furacão”, dentro do problema, vivenciando todo o turbilhão de sentimentos e emoções decorrentes dos atritos da relação, é comum pensar dessa forma. Afinal, se a escola não está sendo boa para o meu filho, melhor procurar outra! Mas, não é tão simples…
Primeiro, porque estamos falando de inclusão; um processo ainda recente e pouco evoluído em nosso país. Estamos falando de escolas que sabem que precisam fazer inclusão (e muitas reconhecem que a educação é, sim, direito de todos os alunos), mas que não sabem o que e como fazer.
Segundo, porque a família, muitas vezes, enxerga a escola sob o viés emocional, inundado por sua história, por suas experiências junto a uma sociedade que é, sim, excludente. São marcas subjetivas que se impõem sobre as situações e que embaçam a visão, podendo comprometer a interpretação dos fatos. Nestes casos, um olhar externo, às vezes, é de grande ajuda.
E, por último, mas não menos importante, porque escola e família são instituições compostas por pessoas. São seres humanos lidando com seres humanos. Somos falhos, interpretamos o que o outro diz e faz de acordo com as lentes das nossas construções pessoais – e quem disse que a nossa interpretação é a certa?
Certo, é que deve prevalecer o melhor interesse da criança. Peço licença para tomar emprestado um princípio jurídico, que dispensa explicações. Quando tudo mais falhar, pense no que será melhor para a sua criança ou jovem, seja seu filho ou seu aluno. Essa é a melhor lente, que vai te ajudar a enxergar muito além do aqui e agora.
Não, nem sempre mudar de escola é a solução. Às vezes é necessário, sim. Mas não deve ser a primeira escolha, ao primeiro sinal de desacordo ou de conflito.
Seja você família ou escola, converse, dê o primeiro passo.
E que sigamos juntos, com eles e por eles, sempre!